Disclosure of carbon credit operations in management publications/ Evidenciacao das operacoes com creditos de carbono nos relatorios da administracao e nas notas explicativas/Divulgacion de las operaciones con creditos de carbono en los informes de la administracion y en las notas explicativas.
dos Santos, Vanderlei ; Beuren, Ilse Maria ; Rausch, Rita Buzzi 等
1. INTRODUCAO
A busca pela reducao de emissoes de gases poluentes no meio
ambiente e uma preocupacao que atinge todos em razao do aquecimento da
Terra. As mudancas climaticas no planeta, principalmente aquelas
causadas pelo aquecimento global, decorrente das acoes humanas, sao um
dos assuntos amplamente comentados atualmente pela sociedade em geral.
Conscientes da gravidade da situacao, as nacoes estao em busca de
medidas para reduzir os impactos e os danos que o aquecimento global
pode causar a sociedade e ao planeta.
O aquecimento global da Terra e ocasionado pelo aumento das
emissoes de gases de efeito estufa (GEE) por acoes antropicas,
principalmente representadas pela queima de combustiveis fosseis
(carvao, petroleo e gas natural) em usinas termoeletricas, industrias,
veiculos em circulacao e sistemas domesticos de aquecimento, e pela
destruicao de florestas e ecossistemas (BITO, 2006).
As principais consequencias das mudancas climaticas e do
aquecimento global para a humanidade sao: aumento de ocorrencia de
tempestades, secas, ventos e outras ocorrencias naturais em determinadas
regioes; o dobro do numero de furacoes nos ultimos trinta anos; a
elevacao do nivel dos oceanos; o derretimento das geleiras e das calotas
polares; mudancas no regime de chuvas; aumento da incidencia de doencas
transmissiveis por mosquitos e outros vetores (malaria, febre amarela e
dengue); perda dos direitos das geracoes humanas futuras de usufruirem
de um meio ambiente saudavel (CONEJERO, 2006).
Diversos mecanismos e acordos estao sendo adotados por empresas,
governos, nacoes e populacoes para conter a emissao dos GEE na
atmosfera, dos quais o principal e o dioxido de carbono (C[O.sub.2]).
Dentre esses mecanismos esta a venda de creditos de carbono, prevista no
Protocolo de Quioto. Empresas brasileiras estao, de um lado,
desenvolvendo projetos que reduzem ou evitam a emissao de GEE na
atmosfera e, de outro, vendendo essa quantidade reduzida ou evitada a
paises que sao obrigados oficialmente a reduzir suas emissoes antropicas
(BITO, 2006). Os creditos de carbono estao estritamente ligados a
preservacao do meio ambiente, por envolverem medidas adotadas para a
contencao de emissao dos gases de efeito estufa.
As empresas socialmente responsaveis devem divulgar suas acoes para
seus acionistas, empregados, clientes, fornecedores, investidores, entre
outros. Divulgar esses fatos e funcao da contabilidade, que pode faze-lo
por meio das demonstracoes contabeis, notas explicativas (NEs),
relatorios da administracao (RA). Iudicibus (2004:129) afirma que a
evidenciacao e "um compromisso inalienavel da Contabilidade com
seus usuarios e com os proprios objetivos". Falcao (1995:1) observa
que a evidenciacao pode ser entendida como "o meio pelo qual os
diversos usuarios das demonstracoes financeiras (clientes, fornecedores,
empregados, governos, analistas, etc.) obtem conhecimento do atual
estagio de um determinado empreendimento economico".
No Brasil, o relatorio da administracao e um dos meios previstos na
legislacao para as empresas divulgarem informacoes compulsorias e
voluntarias. Ele e legalmente amparado pela Lei das Sociedades por
Acoes, Lei no. 6.404/76 (BRASIL, 1976), alterada pela Lei no. 11.638/07
(BRASIL, 2007), e pelo Parecer de Orientacao no 15/87 da Comissao de
Valores Mobiliarios (CVM, 1987). A publicacao das notas explicativas,
por sua vez, esta prevista no [section] 4[degrees] do art. 176 da Lei
no. 6.404/76 (BRASIL, 1976), no qual consta que "as demonstracoes
serao complementadas por notas explicativas e outros quadros analiticos
ou demonstracoes contabeis necessarias para esclarecimento da situacao
patrimonial e dos resultados do exercicio".
Assim, este estudo justifica-se por abordar um tema de interesse de
paises, da sociedade, de empresas e de pesquisadores. Estudos estao
sendo realizados em diversas areas e contextos. Mathews (2008), por
exemplo, aborda o papel dos creditos de carbono na criacao de uma nova
economia industrial baseada em energias renovaveis em substituicao a
energias fosseis. MacKenzie (2009) analisa o desenvolvimento do mercado de creditos de carbono. O autor descreve o funcionamento desses mercados
e discute os esforcos para padronizar as praticas nos mercados de
carbono em duas perspectivas: a) a forma pela qual os diferentes gases
sao gerados; e b) a busca de um tratamento contabil-padrao para os
direitos de emissao.
Cook (2009) analisa questoes relativas a tentativa do International
Accounting Standards Board (IASB), no inicio de 2005, de regular a
contabilizacao das novas emissoes da Uniao Europeia, que alterou o
esquema de comercio do Protocolo de Quioto. O autor sugere um caminho
possivel que o IASB deve considerar quando retomar o assunto. Sao
exemplos de outras pesquisas realizadas: o estudo desenvolvido por
Cairns e Lasserre (2004) sobre o sequestro do carbono nas florestas;
Engels (2009), que analisou os recursos gastos por empresas da Uniao
Europeia abrangidas pelo comercio de emissoes; Ansotegui e Estrada (2007), que trataram da contabilizacao dos creditos de carbono nas
empresas da Espanha.
Entretanto, ha pouquissimos estudos que contemplam aspectos
contabeis dos creditos de carbono em empresas localizadas nos paises em
desenvolvimento. No Brasil, destacam-se pesquisas desenvolvidas por
Ribeiro (2005, 2007), porem ainda e necessaria uma ampliacao da
exploracao do tema por parte dos pesquisadores. Portanto, o presente
estudo pretende contribuir para o conhecimento do que e evidenciado aos
diversos usuarios das informacoes contabeis acerca do assunto em
questao. A motivacao da pesquisa decorre do fato de que o assunto nao
esta suficientemente estudado na area contabil no Brasil, razao pela
qual a pesquisa pode contribuir para melhorar o full disclosure.
Considerando-se a importancia do full disclosure (divulgacao plena)
nas empresas para esclarecer os usuarios das informacoes contabeis, bem
como o fato de o tratamento contabil e tributario das operacoes com
creditos de carbono nao estar regulamentado no Brasil, elaborou-se a
seguinte questao de pesquisa: Qual o nivel de evidenciacao nos
relatorios da administracao e nas notas explicativas das operacoes com
creditos de carbono relacionadas aos projetos, meios de financiamento e
mercado, contabilizacao e tributacao?
Com esse intuito, o estudo objetiva identificar o nivel de
evidenciacao, nos relatorios da administracao e nas notas explicativas,
das operacoes com creditos de carbono relacionadas aos projetos, meios
de financiamento e mercado, contabilizacao e tributacao. Nesse sentido,
realizou-se pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, por meio de
analise documental, nas 14 empresas brasileiras de capital aberto que
possuem projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) aprovados
pela Comissao Interministerial de Mudanca Global do Clima, conforme
listagem do Ministerio da Ciencia e Tecnologia. Para a coleta dos dados,
aplicou-se a tecnica da analise de conteudo nos relatorios da
administracao e nas notas explicativas desde o primeiro ano da obtencao
dos creditos de carbono ate o terceiro trimestre de 2008.
O estudo esta organizado em cinco secoes, que se iniciam com esta
introducao. Em seguida, apresenta-se a revisao da literatura sobre
aspectos relacionados aos creditos de carbono, com enfase em projetos,
meios de financiamento e mercado, contabilizacao e tributacao. Depois,
demonstram-se o metodo e os procedimentos da pesquisa. Na sequencia,
descrevem-se os resultados da pesquisa efetuada nas empresas brasileiras
de capital aberto que possuem projetos de creditos de carbono. Por fim,
apresentam-se as conclusoes do estudo realizado e recomendacoes para
futuras pesquisas sobre o tema investigado.
2. CREDITOS DE CARBONO
Os creditos de carbono surgiram a partir da elaboracao e assinatura
da Convencao Quadro das Nacoes Unidas sobre Mudanca do Clima (CQNUMC).
Essa Convencao foi elaborada em maio de 1992 e assinada em junho,
durante o evento ECO-92. Ela previa a necessidade de estabelecer
metas/acoes para conter a emissao dos gases poluentes na atmosfera, os
gases de efeito estufa (GEE), dos quais o principal e o dioxido de
carbono. Tambem ficou estabelecido na CQNUMC que a iniciativa para
conter o aquecimento global deveria partir dos paises desenvolvidos, os
paises industrializados, visto que eles possuem melhores recursos e
condicoes do que os paises em desenvolvimento (BRASIL, 1999a).
A Convencao dividiu os paises em dois grupos: os paises
desenvolvidos, conhecidos como paises do Anexo I da CQNUMC, e os paises
em desenvolvimento, denominados paises nao pertencentes ao Anexo I.
Todos os paises assinaram a Convencao, tanto os do Anexo I quanto os que
nao pertencem ao Anexo I, e ficaram conhecidos como Partes da Convencao.
Ficou determinado que as Partes da Convencao vao se reunir anualmente
para discutir a contencao do aquecimento global e as acoes a tomar em
prol da preservacao do meio ambiente. Esses encontros anuais ficaram
conhecidos como "Conferencia das Partes (COP)" e, apos
fevereiro de 2005, como "Encontro das Partes" (BITO, 2006).
A partir de 1995, esses paises passaram a se reunir anualmente. A
COP mais importante foi a COP3, realizada em 1997, em Quioto, no Japao.
Essa COP foi a mais importante porque estabeleceu os meios e mecanismos
de mitigar as emissoes antropicas de GEE na atmosfera. Nessa conferencia
surgiu o documento oficial conhecido como "Protocolo de
Quioto" (RIBEIRO, 2005).
O Protocolo de Quioto "determina que os paises constantes no
Anexo I, em sua maioria os desenvolvidos, reduzam as emissoes de GEE em
5,2% em relacao aos gases emitidos em 1990, em seu primeiro periodo, que
vai de 2008 a 2012" (BITO, 2006:33). O Protocolo de Quioto preve tres modalidades para que os paises do Anexo I atinjam suas metas de
reduces--Comercio de Emissoes, Implementacao Conjunta e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL)--, alem de definir que eles devem
implementar e estabelecer medidas e programas dentro dos seus
territorios para conter a emissao dos GEE (BRASIL, 1999b).
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e a unica modalidade que
envolve os paises em desenvolvimento, dentre eles o Brasil. As empresas
do Anexo I investem em projetos de reducao de GEE em paises nao
desenvolvidos, aqueles que nao fazem parte do Anexo I. As reducoes
ocorridas geram um credito aos paises constantes no Anexo I, que podem
utiliza-lo para suas metas de reducao. As empresas dos paises em
desenvolvimento tambem implantam projetos para reduzir o GEE com
recursos proprios e posteriormente vendem essas reducoes aos paises
desenvolvidos.
2.1. Caracteristicas dos projetos de creditos de carbono
E no contexto do MDL que as empresas brasileiras desenvolvem
projetos que geram os creditos de carbono.
Para que o processo de desenvolvimento de um projeto de MDL ocorra
e necessario cumprir uma serie de exigencias e passar por algumas
etapas, todas com quesitos a serem cumpridos, a fim de originar as
reducoes certificadas de emissoes (RCEs). De maneira geral, as RCEs
representam uma declaracao de que determinado pais evitou emitir certa
quantidade de dioxido de carbono na atmosfera, reduziu essa emissao ou
removeu-a. Apos receber essa declaracao, os paises em desenvolvimento
podem vender aos paises do Anexo I essas RCEs, a fim de cumprir suas
metas de reducao dos GEE (SISTER, 2007).
Para os paises desenvolvidos, o MDL e interessante por causa do
custo do projeto. O custo de um projeto desse nivel implantado num pais
em desenvolvimento e menor do que o de projetos implantados num pais
desenvolvido. As fases para implementar um projeto de MDL e utilizar os
creditos de carbono gerados sao: elaboracao de documento de concepcao de
projeto (DCP) pelos participantes do projeto; validacao pela Entidade
Operacional Designada (EOD); aprovacao pela Autoridade Nacional Designada (AND); registro pelo Conselho Executivo; monitoramento
realizado pelos participantes do projeto; verificacao/certificacao da
reducao de emissoes resultantes do projeto realizado pelo EOD; e emissao
pelo Conselho Executivo do MDL das reducoes certificadas de emissoes
(RCEs) (RIBEIRO, 2005).
Ressalta-se que a ultima etapa de um projeto de MDL e a geracao das
RCEs, que podem ser vendidas aos paises desenvolvidos. Entretanto,
algumas empresas ja comercializam os creditos de carbono antes mesmo de
concluir essa etapa. Os projetos de MDL possuem modalidades especificas,
tipos e formas diferenciadas para a geracao dos creditos de carbono,
conforme demonstrado no Quadro 1.
Depreende-se do Quadro 1 que as modalidades do MDL utilizadas sao:
reducao de emissoes, emissoes evitadas e resgate de carbono ou sequestro
de carbono. As reducoes de emissoes dos GEE sao obtidas, dentre outras
formas, pela implantacao de novas tecnologias e pela substituicao de
fontes nao renovaveis de energia por fontes renovaveis. Em outras
palavras, adapta-se o processo produtivo para nao poluir o meio ambiente
e, dessa forma, reduzir a emissao dos gases poluentes na atmosfera. Sao
exemplos de reducoes de emissoes de GEE a geracao de energia eletrica
por meio do bagaco da cana-de-acucar e a instalacao de biodigestores
para receber os dejetos suinos e capturar o gas metano gerado por sua
fermentacao (BITO, 2006).
As emissoes evitadas se originam da geracao de energia por fontes
renovaveis, como a geracao de energia solar e a geracao de energia com
base na biomassa, em substituicao aos combustiveis fosseis. O resgate ou
sequestro de carbono e a modalidade com maior complexidade para calculo
da linha de base. E nessa modalidade que estao as atividades de
florestamento e reflorestamento. Nas florestas ha varios tipos de
plantas, com tamanhos diferentes e capacidade de absorver o dioxido de
carbono de forma diferenciada. Logo, e dificil mensurar quanto foi
absorvido desse gas poluente da atmosfera (BITO, 2006).
2.2. Financiamentos e mercado dos creditos de carbono
Como mecanismos de financiamento de um projeto de MDL, pode-se
contar com o auxilio de algumas Instituicoes financeiras internacionais
e nacionais e de fundos, tais como: Mitsubishi Securities (recursos do
governo do Japao), Barclays Capital, Banco ABN Amro Real S/A, Sumitomo
Mitsui Banking Corporation, Prototype Carbon Fund (fundo global dedicado
a compra, pelo Banco Mundial, de reducoes de emissao de gases de efeito
estufa), BNDES, FINEP e Caixa Economica Federal (ARAUJO, 2007; BRASIL,
2008b).
Apos desenvolver um projeto de MDL e financialo com recursos
proprios ou de terceiros, e possivel participar do mercado de creditos
de carbono. Mercado de credito de carbono e o termo utilizado para
denominar os sistemas de negociacao de unidades de reducao de emissoes
do GEEs (COSTA, 2005). Atualmente ocorrem dois tipos de mercados, um
relacionado com o Protocolo de Quioto (representado principalmente pela
Uniao Europeia) e outro nao relacionado a este. Isso se deve ao fato de
que os Estados Unidos nao aderiram ao Protocolo de Quioto, mas tomaram
uma iniciativa para a reducao dos GEE ao criar a bolsa Chicago Climate
Exchange (CCX) (BITO, 2006).
As negociacoes com creditos de carbono podem ocorrer por meio de
bolsas de valores ou entre as partes envolvidas. As negociacoes entre as
partes interessadas nas RCEs, no ambito do mercado de carbono do
Protocolo de Quioto, ocorrem em geral sob tres formas. A primeira delas
consiste na emissao das RCEs pelo Conselho Executivo do MDL ao titular do projeto. Este ira efetuar a venda das RCEs posteriormente, depois de
decidir qual sera o comprador. A segunda forma, tratada simplesmente
como cessao, consiste na negociacao entre a entidade geradora das RCEs e
a que pretende obte-las em momento posterior ao desenvolvimento e
implementacao do projeto de MDL, bem como apos a emissao das RCEs. A
terceira forma consiste na negociacao das RCEs entre as partes
interessadas antes mesmo de sua emissao pelo conselho executivo, muitas
vezes ate mesmo antes da implementacao do projeto, tratando-se,
portanto, de uma promessa de cessao futura (SISTER, 2007).
Isso ocorre porque esse e um dos meios de financiar o projeto de
MDL e porque garante ao comprador um preco menor para as RCEs. As
empresas que estao desenvolvendo projetos de MDL devem saber quais sao
os impactos economicos e financeiros desse investimento, e isso deve ser
demonstrado pela contabilidade, alem do tratamento tributario aplicado
as receitas com as vendas das RCEs (BITO, 2006).
2.3. Aspectos contabeis dos creditos de carbono
O tratamento contabil dos creditos de carbono ainda nao foi
regulamentado no Brasil. Faltam instrucoes dos orgaos contabeis e da
Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) a respeito de como contabilizar
essas operacoes e em qual momento reconhecer os creditos de carbono na
contabilidade das empresas que desenvolvem projetos no ambito do MDL.
Alguns trabalhos abordaram essa tematica e sao descritos a seguir de
forma breve.
Pereira e Nossa (2005) realizaram um estudo de caso na Marca
Ambiental, empresa gerenciadora de um aterro sanitario no Estado do
Espirito Santo que desenvolve um projeto no ambito do MDL, e
investigaram o momento de reconhecimento da receita proveniente da venda
de creditos de carbono. Os autores concluiram que, a luz da teoria da
Contabilidade, e possivel reconhecer a receita oriunda da venda de
creditos de carbono somente na fase de operacionalizacao e desde que
sejam observadas as tres situacoes determinantes do ponto de
reconhecimento. No caso da venda antecipada, o reconhecimento da receita
so ocorrera no momento da entrega da RCE, em que sera registrada a baixa
do Adiantamento por Conta de Creditos de Carbono a Realizar em
contrapartida a Receita de Vendas Provenientes de Creditos de Carbono. A
venda e entrega da RCE apos sua posse caracteriza o momento do registro
de reconhecimento da receita. E o momento em que todo ou praticamente
todo o esforco para a obtencao da RCE ja foi realizado. Assim, sao
conhecidos os custos e despesas associados diretamente a aquisicao da
RCE e, nesse ponto, configura-se com objetividade e exatidao o valor da
negociacao para a transferencia da RCE. Outro momento em que pode
ocorrer o reconhecimento e registro da receita e o da conclusao da
producao, entendida como o periodo anual de verificacao para a emissao
da RCE.
Barbieri e Ribeiro (2007) identificaram os conceitos contabeis nas
informacoes economico-financeiras dos eventos relacionados a
comercializacao dos creditos de carbono. Utilizaram-se de uma pesquisa
qualitativa e de um estudo de caso que evidenciaram que as aquisicoes de
maquinarios utilizados para a implantacao do MDL devem ser registradas
como imobilizado e segregadas em uma linha distinta nas demonstracoes
contabeis como ativos operacionais que geram as RCEs. Quanto ao passivo,
ficou evidente, no estudo de caso realizado, que nao havia necessidade
de contabilizacao da obrigacao, visto tratar-se de um comprometimento
contratual que nao ocasiona danos. Para essas autoras, as receitas devem
ser reconhecidas anualmente, conforme determinado em contrato e de
acordo com a quantidade de creditos de carbono gerada, e seu momento de
reconhecimento e o da entrega dos titulos (RCEs) ao comprador. As
despesas, segundo as autoras, deveriam ser ativadas e confrontadas com
as respectivas receitas. As autoras classificaram os creditos de carbono
como um ativo intangivel e suas receitas como operacionais. Entenderam
tambem que podem ser enquadrados como derivativos em algumas situacoes.
Ferreira et al. (2007) buscaram encontrar a forma mais adequada de
representar os eventos economicos envolvidos e a situacao patrimonial da
empresa que realiza o processo de sequestro de carbono. Com base em
revisao bibliografica, classificaram os creditos de carbono como produto
e nao como ativo intangivel, sugerindo sua contabilizacao como estoques.
Propoem que quando forem emitidas as RCEs, os estoques sejam
reconhecidos pelo valor realizavel liquido (valor justo) e a receita
contabilizada no ato da venda. Concluiram que, no contexto do MDL por
reflorestamento, o credito e bastante real, sendo inadequado seu
tratamento como intangivel. Pela impossibilidade de se encontrar relacao
entre seu preco e o preco de qualquer outro ativo, tambem sugerem ser
inadequado seu registro como derivativo.
Peleias et al. (2007) procuraram identificar o tratamento contabil
dado aos creditos de carbono por empresas brasileiras que desenvolvem
projetos no ambito do MDL na ONU. Um questionario foi enviado a 109
empresas com projetos aprovados ou em vias de aprovacao, listadas em 27
de maio de 2006. Foram recebidos 16 questionarios preenchidos. A analise
de quatro clusters revelou opinioes divergentes sobre o tratamento
contabil dos creditos de carbono. O primeiro entendeu que esses creditos
nao deveriam ser reconhecidos como um ativo antes da venda e da entrega
das RCEs; o segundo entendeu que o reconhecimento antes da venda nao
poderia ser feito a valor de mercado; para o terceiro, o reconhecimento
poderia ser feito antes da venda e a valor de mercado; para o quarto, o
registro dos creditos de carbono poderia ser feito antes da venda como
receita operacional. A maioria das empresas pesquisadas nao considera o
credito de carbono como um ativo operacional, conforme consta no Projeto
de Lei n. 3.552/2005 (BRASIL, 2005b). Esses autores concluiram que ha
opinioes distintas sobre o tratamento contabil aplicavel aos creditos de
carbono, e que e necessaria uma acao de regulamentacao dos orgaos
contabeis ou pelo governo, em razao das questoes tributarias.
Ribeiro (2007) objetivou identificar as transacoes com creditos de
carbono e o tratamento contabil mais adequado a esse tipo de negociacao.
Realizou pesquisa exploratoria, de natureza qualitativa, tendo como base
essencial a revisao bibliografica. As negociacoes de tres empresas foram
analisadas, contudo a analise nao chegou a se concretizar como estudo de
casos. A autora observou que as medidas empreendidas para a obtencao dos
creditos de carbono se sobrepoem as de natureza operacional, porem os
creditos geram um ativo intangivel semelhante aos titulos e valores
mobiliarios existentes no mercado. Concluiu que, no caso do MDL, os
creditos sao decorrentes de empreendimentos realizados em paises em
desenvolvimento e podem ser comercializados no mercado de titulos, tendo
em vista suas similaridades com os titulos e valores mobiliarios,
normalmente ja negociados nesse mercado. Ressalta que as negociacoes no
mercado de titulos brasileiro ainda nao estao ativas de fato, e que
grande parte das negociacoes tem sido feita diretamente entre as partes
interessadas e com o pagamento do titulo efetivo (REC) ja validado.
Depreende-se das pesquisas apresentadas que a contabilizacao dos
creditos de carbono esta sendo discutida em estudos cientificos da area
contabil e que ha divergencias entre as empresas na forma adotada de
contabilizacao, em razao da ausencia de regulamentacao e de o assunto
ainda ser recente no Brasil.
2.4. Aspectos tributarios dos creditos de carbon
Em relacao aos aspectos tributarios das operacoes Com creditos de
carbon ainda nao ha nada especifico na legislacao sobre o tratamento
tributario que se deve aplicar as RCEs. Ha um posicionamento do Banco
Central que consta na Circular no. 3.291, de 08/09/2005, classificando
as operacoes com creditos de carbono como receita de exportacao de
servicos. Essa Circular serviu de meio para internalizar os recursos
decorrentes das vendas de RCEs (BRASIL, 2005a).
Existe tambem uma solucao de consulta da Secretaria da Receita
Federal no. 59, de 10/03/2008. Nessa solucao de consulta ha o
entendimento de que a receita relativa a cessao para o exterior de
direitos relativos a creditos de carbono (Protocolo de Quioto) esta
sujeita ao porcentual de 32% para fins de apuracao da base de calculo de
IRPJ pela sistematica do lucro presumido, e esta isenta de Pis e Cofins
quando represente ingresso de divisas (BRASIL, 2008).
Ha duvidas sobre a natureza juridica dos creditos de carbono.
Almeida (2005), Costa (2005) e Sister (2007) defendem que se trata de um
ativo intangivel. Entretanto, ha o Projeto de Lei no. 3.552/2004
(BRASIL, 2004a), que considera a natureza das RCEs como valor
mobiliario.
Em relacao a incidencia de tributos, Almeida (2005) e Carleto,
Silva e Brito (2007) entendem que ha incidencia de imposto de renda e
contribuicao social; que nao ha incidencia de Pis e Cofins em razao da
exportacao; que nao ha tributacao de ISS e ICMS por nao se tratar de uma
prestacao de servicos e nem de receita de vendas de mercadorias; e que o
IOF deve ser analisado caso os creditos de carbono sejam considerados
como derivativos.
Sister (2007) defende a ideia de que ha incidencia de imposto de
renda, contribuicao social, Pis e Cofins. Entretanto, e importante
ressaltar que ha o Projeto de Lei no. 4.425/2004 (BRASIL, 2004b)
isentando de Pis, Cofins, contribuicao social e imposto de renda as
receitas e lucros decorrentes da venda das RCEs. Portanto, ha opinioes
diferentes entre os autores que abordaram o assunto sobre qual
tratamento tributario deve ser aplicado nas vendas de creditos de
carbono.
3. METODO E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
A metodologia da pesquisa consiste no metodo e nos procedimentos
utilizados para realizar uma pesquisa. Esta pesquisa caracteriza-se como
descritiva, com abordagem qualitativa dos dados, realizada por meio de
pesquisa documental. Segundo Oliveira (2001), pesquisa descritiva e o
tipo de estudo mais adequado quando o pesquisador necessita obter melhor
entendimento sobre o comportamento de varios fatores e elementos que
influenciam determinada situacao.
Quanto a abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa
qualitativa. Raupp e Beuren (2006:92) afirmam que "na pesquisa
qualitativa concebem-se analises mais profundas em relacao ao fenomeno
que esta sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar
caracteristicas nao observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste ultimo". E qualitativa porque
procurou verificar o que as empresas brasileiras de capital aberto estao
evidenciando em seus RAs e NEs a respeito das operacoes com creditos de
carbono dos seus projetos, meios de financiamentos e mercado,
contabilizacao e tributacao.
Quanto aos procedimentos, caracteriza-se como pesquisa documental.
Martins e Theophilo (2007) comentam que a pesquisa documental se
assemelha a pesquisa bibliografica, porem nao analisa material editado,
como livros e periodicos, entre outros. A pesquisa documental analisa
material que nao foi editado, como cartas, memorandos, relatorios de
empresas, avaliacoes. Esta pesquisa e documental porque se utilizou dos
relatorios da administracao e das notas explicativas como fontes de
dados para a analise.
A populacao da pesquisa constitui-se das empresas brasileiras de
capital aberto que apresentaram projetos de MDL aprovados sem ressalvas
pela Comissao Interministerial de Mudanca Global do Clima, e que constam
da lista de projetos de MDL aprovados no site do Ministerio da Ciencia e
Tecnologia (BRASIL, 2008a). Em 28 de novembro de 2008 havia 195
projetos, dos quais 25 eram de 14 empresas de capital aberto, que
compreendem a amostra da pesquisa.
O periodo abrangido pela pesquisa compreendeu desde o primeiro ano
da obtencao dos creditos de carbono ate o 3[degrees] trimestre de 2008,
trimestre em que as informacoes estavam divulgadas para a CVM na data da
pesquisa. Assim, as empresas objeto deste estudo e os periodos em que os
RAs e as NEs foram analisados estao demonstrados no Quadro 2.
Listam-se no Quadro 2 as empresas objeto deste estudo, suas
quantidades de projetos de MDL aprovados pela CIMGC, atividades
empresariais principais, periodo de obtencao dos creditos de carbono e
faturamento do ano de 2007. Nota-se que nove empresas possuem um projeto
aprovado, quatro possuem dois projetos aprovados e uma empresa (Grupo
Pao de Acucar) possui oito projetos aprovados. Quanto as atividades e
faturamentos, ha diferencas entre elas. Isso demonstra que e possivel
desenvolver um projeto de MDL em diversos ramos empresariais e com
diferentes faixas de faturamentos.
Salienta-se que para as empresas com mais de um projeto aprovado
considerou-se como periodo de obtencao dos creditos o ano inicial do
primeiro projeto e o ultimo ano encontrado nos projetos da empresa.
Quanto ao faturamento do ano de 2007, o informado pela empresa Acucar
Guarani S/A refere-se ao periodo de 01/05/2007 a 31/03/2008; pela
empresa Cosan, o periodo informado foi de 01/05/2007 a 30/04/2008. Os
RAs e as NEs dessas empresas foram analisados em periodos distintos da
obtencao dos creditos, visto que o registro na CVM da empresa Acucar
Guarani ocorreu em 2007 e o da Cosan S/A em 2005.
A coleta dos dados realizou-se por meio de analise de conteudo dos
relatorios da administracao e das notas explicativas dessas empresas.
Para a coleta dos dados nos RAs e nas NEs das demonstracoes contabeis,
decidiu-se pesquisar os seguintes termos: projetos, financiamentos e
mercado de creditos de carbono, contabilizacao e tributacao. Para cada
um desses termos buscaram-se elementos especificos, apontados na
literatura, conforme demonstrado no Quadro 3.
A partir da analise de conteudo dos RAs e da NEs, os dados
coletados foram organizados em tabelas, considerando-se os quatro termos
pesquisados, para fins de quantificacao dos respectivos elementos
evidenciados pelas empresas. Alem disso, alguns relatos mais especificos
foram extraidos desses documentos pesquisados, para elucidar a
evidenciacao desses quatro termos pelas empresas objeto do estudo.
4. DESCRICAO E ANALISE DOS DADOS
Na descricao e analise de dados apresentam-se os elementos
evidenciados pelas empresas brasileiras de capital aberto que possuem
projetos de MDL aprovados sem ressalvas pela Comissao Interministerial
de Mudanca Global do Clima. Na analise de conteudo do relatorio da
administracao e das notas explicativas das demonstracoes contabeis
buscaram-se os elementos evidenciados de projetos de creditos de
carbono, financiamento e mercado dos creditos de carbono, contabilizacao
e tributacao dos creditos de carbono.
4.1. Informacoes sobre os projetos de creditos de carbono
Tendo como referencia o termo projetos, procurou-se identificar o
numero de vezes que elementos relacionados aos projetos de creditos de
carbono foram relatados no relatorio da administracao e nas notas
explicativas das empresas pesquisadas. Os resultados sao demonstrados na
Tabela 1.
Das 14 empresas pesquisadas, seis nao evidenciaram nada em suas NEs
e nos RAs sobre o projeto de geracao de creditos de carbono que estao
desenvolvendo, e oito evidenciaram alguns itens. O item mais evidenciado
pelas empresas refere-se a forma de geracao dos creditos de carbono, que
explica como o projeto esta reduzindo, evitando ou absorvendo os GEE da
atmosfera.
Das oito empresas que evidenciaram alguma informacao sobre o
projeto, tres divulgaram uma unica informacao em seus relatorios anuais:
a forma de geracao dos creditos, citada por duas delas, e a fase em que
se encontra o projeto do MDL. Outras tres empresas evidenciaram dois
elementos em seus relatorios: a Companhia de Bebidas das Americas
(AMBEV) (Empresa 6) mencionou uma vez a forma de geracao dos creditos de
carbono e a fase em que o projeto MDL se encontra; a Petroleo Brasileiro
S/A (PETROBRAS) (Empresa 13) citou uma vez a quantidade de TCO2 reduzida
ou evitada com o projeto e tambem a forma de geracao dos creditos de
carbono; e a Sadia S/A (Empresa 14) evidenciou cinco vezes a forma de
geracao dos creditos de carbono e duas vezes o custo do investimento.
A Celulose Irani S/A (Empresa 3) foi a unica que evidenciou todos
os elementos pesquisados relacionados ao projeto, com enfase na forma de
geracao dos creditos de carbono (cinco citacoes), modalidade do projeto
(tres citacoes) e custo do investimento (tres citacoes). A Petroleo
Brasileiro S/A (PETROBRAS) (Empresa 13) evidenciou quase todos os
elementos, exceto o tipo de projeto, e enfatizou a forma de geracao dos
creditos de carbono, a quantidade de dioxido de carbono evitada,
reduzida ou absorvida e o custo do investimento.
Constata-se que as informacoes sobre os projetos de creditos de
carbono estao pouco divulgadas nas notas explicativas e nos relatorios
da administracao das empresas. Esse baixo indice de evidenciacao nao
esta de acordo com o que e recomendado pela CVM. Conforme visto na
revisao da literatura, e recomendado as companhias de capital aberto
evidenciar em seus relatorios da administracao uma descricao dos
principais investimentos realizados, citando objetivo, montantes e
origens dos recursos alocados. Isso nao foi localizado nos relatorios
das empresas referentes as operacoes com creditos de carbono.
Algumas informacoes a respeito dos projetos dos creditos de carbono
foram divulgadas. Sobre a modalidade do projeto, duas empresas
evidenciaram algo, conforme segue:
Ainda em 2005, a empresa obteve a aprovacao do Ministerio da
Ciencia e Tecnologia do projeto de MDL--Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo--em nossa unidade de co--geracao de energia instalada na Divisao
Papel. Este projeto gera energia atraves da queima de biomassa, que ate
entao era depositada na natureza, com menos emissao de gas metano e
contribuindo na reducao do efeito estufa. (CELULOSE IRANI, 2005:9).
A nova empresa buscara solucoes tecnicas e comerciais para
introduzir o etanol na matriz energetica japonesa, em substituicao aos
combustiveis fosseis, de forma a reduzir a emissao de gases causadores
do efeito estufa, como o dioxido de carbono, contribuindo assim para o
sucesso do protocolo de Quioto. (PETROBRAS, 2005:40).
Conforme Bito (2006), as modalidades do MDL sao: reducao de
emissoes, emissoes evitadas e resgate de carbono ou sequestro de
carbono. As reducoes de emissoes dos GEE sao obtidas por meio da
implantacao de novas tecnologias e pela substituicao de fontes nao
renovaveis de energia por renovaveis; as emissoes evitadas se originam
da geracao de energia por fontes renovaveis; e o resgate ou sequestro do
carbono e a modalidade que abrange as atividades de florestamento e
reflorestamento.
Nota-se que, no caso da Celulose Irani S/A, a modalidade do projeto
esta subentendida em sua divulgacao no RA de 2005. Trata-se de emissoes
evitadas, visto que o credito de carbono ocorre no momento da geracao
limpa de energia em substituicao as energias geradas por meio de
projetos que emitem gases. Ou seja, o projeto gera energia por meio da
queima da biomassa, que e uma geracao limpa de energia, ao inves de
utilizar uma fonte nao renovavel de energia. Na Petroleo Brasileiro S/A
(PETROBRAS) entende-se que se trata da modalidade de reducoes de
emissoes, visto que as emissoes de gases serao reduzidas por meio de
melhorias tecnologicas.
Sobre a fase em que o projeto de MDL se encontra, quatro empresas
divulgaram algo, mas destacam-se duas a titulo de ilustracao:
Merece ainda destaque o prosseguimento, durante 2007, da estrategia
das Energias do Brasil em relacao ao comercio das emissoes de gases de
efeito estufa, no ambito do Protocolo de Quioto. Essa estrategia
consiste em identificar nas suas operacoes e nos ativos, projetos
passiveis de gerarem creditos de carbono. Nesse sentido, dos seis
projetos MDL ja identificados, tres se encontram em fase de registro no
Comite Executivo, na ONU, um em aprovacao na Autoridade Nacional
Designada brasileira, e dois em fase inicial de formatacao do Project
Design Document (PDD). (ENERGIAS DO BRASIL, 2007:39). (Grifos nossos).
Utilizando a biomassa, propria e de terceiros, a empresa contribuiu
para a reducao do aquecimento global, evitando que este produto se
degradasse no tempo, em aterros, gerando metano, um dos gases do efeito
estufa. Isso proporcionou a elaboracao de um projeto de MDL (Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo), de acordo com as normas do Protocolo de
Kyoto. O projeto foi registrado junto a ONU e em setembro de 2006 teve
seus primeiros creditos de carbono emitidos em favor da empresa
(CELULOSE IRANI, 2006:9). (Grifos nossos).
Portanto, na empresa Energias do Brasil tres projetos encontram-se
na fase de registro do conselho executivo do MDL, um esta na fase de
aprovacao pela autoridade nacional designada, no caso brasileiro a
CIMGC, e os outros dois estao na fase inicial de elaboracao do
documento. A empresa Celulose Irani S/A ja passou por todas as fases do
projeto e esta na etapa de emissao das RCEs pelo conselho executivo.
Segundo Ribeiro (2005), esta e a ultima etapa de um projeto no ambito do
MDL.
Conforme Sister (2007), as RCEs representam creditos que podem ser
adquiridos pelos paises do Anexo I, que assinaram o Protocolo de Quioto,
e sao utilizadas como forma de cumprimento parcial das metas de reducoes
dos GEE desses paises.
Quanto a quantidade de dioxido de carbono equivalente reduzida ou
evitada, destacam-se as seguintes evidencias:
Demos inicio a implementacao do Projeto de Suinocultura Sustentavel
Perdigao, que preve a implantacao de 131 biodigestores em propriedades
integradas na regiao do Centro-Oeste e no Sul do Brasil, que
proporcionara uma reducao de emissoes de gases de efeito estufa
equivalente a 120 mil toneladas de C[O.sub.2] por ano (PERDIGAO,
2007:26).
Em 2006, a Petrobras estabeleceu o indicador Emissoes Evitadas de
Gases de Efeito Estufa (EEGEE), a fim de monitorar o resultado de seus
esforcos para reduzir a intensidade de emissao daqueles gases em suas
operacoes. No primeiro semestre foi evitada a emissao de 1,98 milhao de
toneladas de C[O.sub.2] equivalente, superando a meta estabelecida para
2006, que era de 1,13 milhao de toneladas. O compromisso da empresa para
2011 e evitar a emissao de 3,93 milhoes de toneladas de GEE (em termos
de C[O.sub.2] equivalente). De 2006 a 2011, devera ser evitada a emissao
de um total de 18,5 milhoes de toneladas de C[O.sub.2] equivalente.
(PETROBRAS, 2006:48).
Na Perdigao S/A, o projeto de MDL proporcionara uma reducao de
emissoes de GEE equivalente a 120 mil toneladas de C[O.sub.2] por ano,
enquanto o projeto da Petroleo Brasileiro S/A (PETROBRAS) devera reduzir
18,5 milhoes de toneladas no periodo de 2006 a 2011. A forma de geracao
dos creditos de carbono da Perdigao S/A se da por meio da instalacao de
biodigestores para receber dejetos de animais e capturar o gas metano
gerado de sua fermentacao.
O exposto demonstra que as empresas estao contribuindo para o
desenvolvimento sustentavel do pais. Por meio de inovacoes tecnologicas
nos processos de producao e substituicao da energia nao renovavel por
fontes renovaveis, o desenvolvimento economico continua ocorrendo, porem
de uma forma nao prejudicial ao meio ambiente e sem comprometer o
planeta para as geracoes futuras. Quanto ao custo do investimento, e
variavel, conforme demonstrado a seguir:
Um dos novos empreendimentos da Companhia e a fabrica de produtos
industrializados em Vitoria de Santo Antao (Pernambuco), que sera a
primeira do setor de carnes a neutralizar 100% de suas emissoes de
carbono e que contara com investimentos de R$ 190 milhoes (SADIA,
2007:17).
A Celulose Irani S.A. foi a primeira empresa brasileira do setor de
papel e celulose, e a segunda no mundo, a ter creditos de carbono
emitidos pelo Protocolo de Kyoto. As reducoes de emissao alcancadas pelo
projeto foram calculadas baseadas nos dados gerados durante os
monitoramentos realizados e podem ser observadas no grafico abaixo. Em
2007 a Empresa tambem implantou uma nova etapa da Estacao de Tratamento
de Efluentes, que gerou creditos no mercado voluntario, e em 18 de
janeiro de 2008 o projeto foi registrado junto ao Protocolo de Kyoto. Em
tecnologias limpas e projetos que beneficiam o meio-ambiente a empresa
investiu em 2007 o valor de R$ 3,8 milhoes (CELULOSE IRANI, 2007b:13).
O valor dos investimentos em um projeto de MDL varia de acordo com
as tecnologias empregadas, aquisicoes de maquinarios e abertura de novas
fabricas. A Sadia S/A investiu R$ 190 milhoes para neutralizar as
emissoes de carbono, enquanto a Celulose Irani S/A investiu no ano de
2007 o valor de R$ 3,8 milhoes em tecnologias limpas e projetos que
beneficiam o meio ambiente, dentre eles os projetos no ambito do MDL.
4.2. Informacoes sobre financiamento e mercado dos creditos de
carbono
Tendo como referencia o termo financiamento e mercado de creditos
de carbono, procurou-se identificar o numero de vezes que elementos
relacionados ao financiamento e ao mercado de creditos de carbono foram
relatados no relatorio da administracao e nas notas explicativas das
empresas pesquisadas. Os resultados sao demonstrados na Tabela 2.
Verificou-se que, das 14 empresas pesquisadas, apenas cinco
evidenciaram algum item relativo ao financiamento e ao mercado dos
creditos de carbono. Os elementos mais evidenciados foram: a forma de
financiamento, a instituicao financeira que financiou o projeto e o tipo
de mercado.
A Celulose Irani S/A (Empresa 3) evidenciou praticamente todos os
elementos, ainda que uma unica vez; e a Sadia S/A (Empresa 14)
evidenciou 3 itens, com enfase na forma de financiamento e na
instituicao financeira que financiou o projeto. O grau de evidenciacao
das operacoes com creditos de carbono e menor do que o relacionado aos
projetos. Das 14 empresas da amostra, nove nao evidenciaram
absolutamente nada.
Relativamente aos aspectos do financiamento e do mercado dos
creditos de carbono, algumas informacoes foram evidenciadas pelas
empresas, conforme demonstrado a seguir:
Em garantia a operacao do Banco ABN Amro Real, foram oferecidos os
direitos da carteira sobre a negociacao dos creditos de carbono,
oriundos do projeto de Co-Geracao de Energia negociados em contratos com
vigencia ate o ano de 2013. A Companhia efetuou venda de creditos de
carbono no exercicio de 2007 de R$ 1.851 (R$ 3.057 em 2006), registrada
como "Outras receitas operacionais" (CELULOSE IRANI, 2007a:12
e 22).
A Companhia e avalista de emprestimo obtido pelo Instituto Sadia de
Sustentabilidade junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e
Social--BNDES. Este emprestimo visa a implantacao de biodigestores nas
propriedades dos produtores rurais participantes do sistema de
integracao Sadia, no ambito do programa da suinocultura sustentavel
Sadia, visando o mecanismo de desenvolvimento limpo e reducao de emissao
de gas carbono. O valor destes avais em 31 de marco de 2008 totalizava o
montante de R$56.855 (R$51.354 em 31 de dezembro de 2007, p. 26).
(SADIA, 2008).
Depreende-se disso que a Celulose Irani S/A obteve emprestimo do
Banco ABN Amro Real para financiar um projeto dos creditos de carbono,
uma vez que suas negociacoes foram oferecidas como garantia a esse
Banco. A Celulose Irani S/A obteve o valor de R$ 1,8 milhao em 2007 na
venda com creditos de carbono. Em 2006 essa venda foi de R$ 3,057
milhoes. Foi a unica empresa que divulgou os dados dos valores das
vendas com creditos de carbono.
A Sadia S/A recorreu ao BNDES para financiar um projeto de MDL
realizado pelo Instituto Sadia de Sustentabilidade. Conforme visto na
fundamentacao teorica, Araujo (2007) e Brasil (2008b) citam o BNDES e o
Banco ABN Amro Real como instituicoes financeiras que estao financiando
projetos que geram os creditos de carbono. O projeto da Sadia S/A
refere-se ao Protocolo de Quioto, ja que o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo esta previsto no Protocolo.
Outras empresas tambem evidenciaram que o tipo de mercado dos seus
projetos com creditos de carbono pertence ao Protocolo de Quioto,
conforme demonstrado a seguir:
Devido a projetos de desenvolvimento de fontes alternativas de
energia, 37% da matriz energetica da AmBev para geracao de energia
calorifica e composta de combustiveis provenientes de fontes renovaveis.
O projeto CDM (Clean Development Mechanism) da fabrica de Viamao,
aprovado pela ONU--UNFCC (United Nations Framework Climate Change), foi
o primeiro projeto da industria de bebidas no Brasil a receber esta
certificacao. Outros 2 projetos CDM desenvolvidos em unidades da
Companhia ja estao aprovados pelo governo brasileiro (COMPANHIA DE
BEBIDAS DAS AMERICAS--AMBEV, 2007:5).
Nota-se que o projeto da Companhia de Bebidas das Americas (AMBEV)
esta relacionado ao Protocolo de Quioto. A Celulose Irani S/A divulgou
em seu relatorio da administracao de 2007 o que segue: "A Celulose
Irani S.A. foi a primeira empresa brasileira do setor de papel e
celulose, e a segunda no mundo, a ter creditos de carbono emitidos pelo
Protocolo de Kyoto".
Na empresa Klabin S/A, conforme relatorio da administracao de 2004,
o projeto de creditos de carbono esta sendo negociado no mercado nao
pertencente ao Quioto--o mercado dos Estados Unidos, o Chicago Climate
Exchange. Em seu relatorio, destaca que: "outro fato relevante foi
a entrada da Klabin no Chicago Climate Exchange com vistas a
comercializacao de creditos de carbono oriundos de projetos na area
Florestal".
Isso coaduna com Bito (2006), conforme consta na fundamentacao
teorica do estudo, que demonstra que ha dois tipos de mercados de
creditos de carbono ocorrendo: o relacionado com o Protocolo de Quioto,
representado principalmente pela Uniao Europeia, e outro nao pertence ao
Protocolo de Quioto, representado principalmente pela bolsa Chicago
Climate Exchange.
Ressalta-se ainda que nenhuma empresa evidenciou a forma de
negociacao dos creditos de carbono. Desse modo, nao foi possivel saber
se as vendas das RCEs ocorreram ou irao ocorrer apos a emissao do
conselho executivo do MDL ao titular do projeto, por meio de cessao ou
ainda por promessa de cessao futura, conforme exposto por Bito (2006) e
Sister (2007).
4.3. Informacoes sobre contabilizacao dos creditos de carbono
Tendo como referencia o termo contabilizacao, procurou-se
identificar o numero de vezes que elementos relacionados a
contabilizacao dos creditos de carbono foram relatados no relatorio da
administracao e nas notas explicativas das empresas pesquisadas. Os
resultados sao demonstrados na Tabela 3.
As empresas nao estao evidenciando como contabilizam essas
operacoes. Das 14 empresas, apenas uma evidenciou algo relacionado a
classificacao das receitas e despesas e a classificacao como
derivativos. Em razao da falta de evidenciacao dos aspectos contabeis
das operacoes com creditos de carbono por parte das empresas, nao e
possivel ao usuario externo analisar a situacao financeira, economica e
patrimonial desse tipo de projeto.
Portanto, falta evidenciacao, por parte das empresas pesquisadas,
do tratamento contabil aplicavel as operacoes com creditos de carbono.
Um dos motivos disso pode ser a falta de regulamentacao e de
esclarecimentos por parte dos orgaos contabeis. Entretanto, essas
operacoes estao acontecendo nas empresas e, muitas vezes, seus valores
sao expressivos, merecendo ser destacados pelos profissionais contabeis.
A Celulose Irani S/A (Empresa 3) evidenciou duas vezes em notas
explicativas a classificacao das receitas com creditos de carbono como
"Outras Receitas Operacionais". Registrou tambem nas suas
notas explicativas do 3[degrees] trimestre de 2008 que classifica os
creditos de carbono a receber como instrumentos financeiros, afirmando
que se trata de uma das operacoes no mercado externo da companhia que
estao expostas a riscos de mercado decorrentes de mudancas nas cotacoes
de moedas estrangeiras.
Barbieri e Ribeiro (2007) propoem a classificacao dos creditos de
carbono como ativo intangivel e suas receitas como operacionais, e
entendem que esses creditos podem ser enquadrados como derivativos em
algumas situacoes. Constatou-se na pesquisa bibliografica que o
tratamento contabil dos creditos de carbono ainda nao esta consolidado
no Brasil e que ha poucos estudos sobre a tematica. Nesses estudos, os
autores divergem em algumas ideias, havendo duvidas sobre qual o melhor
momento para reconhecer os creditos de carbono na contabilidade, qual
sua adequada contabilizacao e se ha necessidade de reconhecer um passivo
por parte das empresas brasileiras na entrega das RCEs aos paises
desenvolvidos.
Como as operacoes com creditos de carbono nao estao regulamentadas,
ha necessidade de os profissionais se utilizarem de seu julgamento, com
base nos principios contabeis, para reconhecer e contabilizar essas
operacoes. Entretanto, no presente estudo verificou-se que as empresas
nao estao demonstrando o tratamento contabil adotado para os creditos de
carbono.
Tal fato pode ser atribuido a falta de regulacao desse aspecto e a
ausencia de consenso entre os pesquisadores. Perez et al. (2008), por
exemplo, afirmam que as RCEs nao podem ser contabilizadas como ativo
intangivel pelos empreendedores dos projetos de MDL porque sao
desenvolvidas internamente, nao sendo passiveis de registros contabeis.
Entendem que o primeiro registro das transacoes com creditos de carbono,
nas negociacoes dos projetos no ambito do MDL, deve ocorrer no momento
da venda dos titulos, dando origem a uma entrada na disponibilidade
financeira.
Bito (2006), por sua vez, entende que o nao reconhecimento dos
creditos de carbono na contabilidade a partir do momento em que a
entidade passa a ter direito sobre as RCEs distorce a informacao
contabil, porque o ativo, o patrimonio liquido e o resultado da empresa
nao estao refletindo a real situacao economica, patrimonial e financeira
da entidade. No estudo de Ferreira et al. (2007) ha a classificacao dos
creditos de carbono como estoques.
Denota-se que as opinioes dos pesquisadores ainda nao sao unanimes
e nem mesmo convergem, razao pela qual sao necessarios mais estudos nas
empresas que desenvolvem projetos, para que se obtenham dados mais
conclusivos. O reflexo dessa falta de consenso nas opinioes e a nao
evidenciacao da informacao contabil por parte das companhias aos
usuarios, conforme demonstrado nesta pesquisa.
4.4. Informacoes sobre tributacao dos creditos de carbono
Tendo como referencia o termo tributacao, Procurouse identificar o
numero de vezes que elementos relacionados a tributacao dos creditos de
carbono foram relatados no relatorio da administracao e nas notas
explicativas das empresas pesquisadas. Os resultados sao demonstrados na
Tabela 4.
Quanto aos aspectos tributarios, nenhuma informacao foi encontrada
nas NEs e nos RAs das empresas que possuem projetos de creditos de
carbono, o que impossibilita ao usuario da informacao conhecer qual
tratamento esta sendo aplicado.
Poucos autores investigaram sobre qual tratamento tributario deve
ser aplicado nas operacoes com creditos de carbono, e entre eles ha
ideias divergentes. O fisco somente se manifestou por meio de uma
solucao de consulta a uma determinada empresa. Ha projetos de lei que
faltam ser aprovados.
A natureza juridica dos creditos de carbono ainda nao foi definida,
conforme exposto no referencial teorico. Almeida (2005), Costa (2005) e
Sister (2007) entendem que as RCEs devem ser consideradas um ativo
intangivel. O Projeto de Lei no. 3.552/2004 considera-as como valor
mobiliario. No entanto, existe consenso entre os autores a respeito da
nao incidencia do ICMS e do ISS, da incidencia de imposto de renda e de
contribuicao social e tambem de o IOF ser analisado assim que a natureza
juridica for definida. Mas ha opinioes divergentes sobre a tributacao do
PIS e da COFINS.
5. CONCLUSOES
O estudo objetivou identificar o nivel de evidenciacao, nos
relatorios da administracao e nas notas explicativas, das operacoes com
creditos de carbono relacionadas aos projetos, meios de financiamento e
mercado, contabilizacao e tributacao. Pesquisa descritiva, com abordagem
qualitativa, por meio de analise documental, foi realizada em uma
amostra que compreende as 14 empresas brasileiras de capital aberto que
possuem projetos de MDL aprovados pela Comissao Interministerial de
Mudanca Global do Clima, conforme listagem do Ministerio da Ciencia e
Tecnologia. Para a coleta dos dados, aplicou-se a tecnica da analise de
conteudo nos relatorios da administracao e nas notas explicativas dessas
empresas desde o primeiro periodo da obtencao dos creditos de carbono
ate o terceiro trimestre de 2008.
Os resultados da pesquisa mostram que o nivel de evidenciacao
relativa aos projetos de creditos de carbono nos relatorios da
administracao e nas notas explicativas das empresas e baixo. De 14
empresas, seis nao evidenciaram nenhuma informacao a respeito e oito
informaram algo, muitas vezes apenas um elemento, e este foi citado
apenas uma vez. Dos itens evidenciados, os mais encontrados foram a
forma de geracao dos creditos e o custo do investimento. Ficou
evidenciado que ha diversas formas de geracao dos creditos de carbono
desenvolvidos pelas empresas brasileiras. Os custos do investimento
variam de acordo com as necessidades de cada projeto. Ha tambem projetos
em diferentes etapas de desenvolvimento, desde a etapa inicial de
elaboracao do documento de concepcao do projeto ate a fase final, que e
a emissao das RCEs pelo conselho executivo do MDL.
Quanto a evidenciacao relativa ao financiamento e mercado dos
creditos de carbono, apenas cinco empresas evidenciaram algum elemento
em seus relatorios anuais e duas evidenciaram mais de um item. A
respeito dos compradores e da forma de negociacao (se em bolsa de
valores ou nao), nada foi informado por nenhuma companhia. O valor das
vendas com creditos de carbono foi mencionado apenas por uma empresa. Os
elementos evidenciados e citados mais de uma vez foram: forma de
financiamento do projeto, instituicoes financeiras que o financiaram e
tipo de mercado desse projeto. Nas empresas que evidenciaram essas
informacoes, constatou-se que os projetos foram financiados por
instituicoes financeiras e que a maioria dos casos pertence ao Protocolo
de Quioto. Apenas uma empresa participa do mercado nao Quioto, o Chicaco
Climate Exchange.
Quanto aos aspectos contabeis dos creditos de carbono, as empresas
nao estao divulgando como estao procedendo. Nao se sabe se consideram os
creditos de carbono como um ativo intangivel, como estoques ou como
instrumentos financeiros. Nao foi possivel identificar se as empresas
estao reconhecendo um passivo, registrando a obrigatoriedade da entrega
das RCEs, em qual momento estao reconhecendo suas receitas e despesas,
qual o criterio de mensuracao utilizado. Apenas uma empresa evidenciou
que classifica as receitas com creditos de carbono como "Outras
Receitas Operacionais", e tambem ha uma classificacao no item
instrumentos financeiros.
Relativamente aos aspectos tributarios, nao ha qualquer informacao
evidenciada no relatorio da administracao e nas notas explicativas das
empresas. Isso impossibilitou conhecer como as empresas brasileiras de
capital aberto estao tributando as operacles com creditos de carbono e
qual a natureza juridica que aplicam as reducoes certificadas de
emissoes.
Conclui-se que as informacoes evidenciadas nos relatorios da
administracao e nas notas explicativas das empresas pesquisadas a
respeito das operacoes com creditos de carbono nao respeitam o principio
do full disclosure. O nivel de evidenciacao nesses documentos e baixo no
que concerne aos projetos, aos meios de financiamento e ao mercado das
operacoes com creditos de carbono, e e praticamente ausente no que diz
respeito a contabilizacao e tributacao das operacoes com creditos de
carbono.
No entanto, os resultados da pesquisa nao podem ser generalizados,
uma vez que se referem apenas as empresas e ao periodo pesquisados. Uma
restricao adicional diz respeito ao quadro de referencia adotado, ja que
outro pesquisador pode utilizar termos e elementos diversos dos que
foram adotados neste estudo. Outro aspecto a ser considerado e o fato de
a pesquisa abranger dois relatorios publicados pelas empresas e haver mais relatorios que podem evidenciar procedimentos referentes as
operacoes com creditos de carbono.
Recomenda-se, para futuras pesquisas, que seja pesquisado o nivel
de evidenciacao das operacoes com creditos de carbono em outros
relatorios, uma vez que as empresas podem se utilizar de outros
instrumentos para divulgar essas operacoes. Recomenda-se tambem
pesquisar os procedimentos adotados em empresas de outros paises nos
quais ainda nao ha regulamentacao sobre a forma de registro, tributacao
e evidenciacao das operacoes com creditos de carbono, para comparar os
resultados desses estudos com os achados desta pesquisa.
Recebido em: 2/2009
Aprovado em: 27/7/2010
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Vanderlei dos Santos
Mestre em Ciencias Contabeis pela Universidade Regional de
Blumenau--PPGCC/FURB--Blumenau--SC, Brasil E-mail:
[email protected]
Ilse Maria Beuren
Doutora em Controladoria e Contabilidade pela FEA-USP Professora do
Programa de Pos-Graduaaao em Ciencias Contabeis da Universidade Regional
de Blumenau--PPGCC/FURB--Blumenau--SC, Brasil E-mail:
[email protected]
Rita Buzzi Rausch
Doutora em Educaaao pela UNICAMP Professora do Programa de
Pos-Graduaaao em Ciencias Contabeis da Universidade Regional de
Blumenau--PPGCC/FURB--Blumenau--SC, Brasil E-mail:
[email protected]
Tabela 1: Elementos relacionados aos projetos dos creditos de carbono
Projetos dos Empresas
creditos de
carbono
Elementos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Pesquisados
Modalidade do 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Projeto
Tipo do 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Projeto
Fases do 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0
Projeto do MDL
Quantidades 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0
TCO2 geradas
Forma de 0 1 5 0 0 1 0 0 0 0 1 1 4 5
geracao dos
creditos de
carbono
Custo do 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2
Investimento
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 2: Elementos relacionados ao financiamento e ao mercado
dos creditos de carbono
Financiamento Empresas
e mercado dos
creditos de
carbono
Elementos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Pesquisados
Forma de 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Financiamento
Instituicao 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Financeira que
financiou
Compradores 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Valor das 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Vendas e/ou
Qtdes vendidas
Tipo de Mercado 0 1 3 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1
Forma de 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Negociacao
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 3: Elementos relacionados a contabilizacao dos creditos de
carbono
Contabilizacao Empresas
dos creditos de
carbono
Elementos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Pesquisados
Classificacao 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
como um
Intangivel
Classificacao 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
como Estoques
Classificacao 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
como
Derivativos
Reconhecimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
do Passivo
Momento de 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Reconhecimento
das Receitas
Criterios de 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mensuracao
Classificacao 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
das Receitas e
Despesas
Reconhecimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
das Despesas
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 4: Elementos relacionados a tributacao dos creditos de carbono
Tributacao dos Empresas
creditos de carbono
Elementos Pesquisados 1 2 3 4 5 6 7
Natureza Juridica 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de IRPJ e CSLL 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de PIS e COFINS 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de IOF 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de ICMS 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de ISS 0 0 0 0 0 0 0
Tributacao dos Empresas
creditos de carbono
Elementos Pesquisados 8 9 10 11 12 13 14
Natureza Juridica 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de IRPJ e CSLL 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de PIS e COFINS 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de IOF 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de ICMS 0 0 0 0 0 0 0
Incidencia de ISS 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 1: Modalidades e tipos de projetos
Modalidade Tipos de projetos
Reducoes de - Aterro sanitario
emissoes - Suinocultura--captura
de gases
- Tratamento industrial
- Eficiencia energetica
Emissoes - Energia eolica
evitadas - Energia solar
- Pequenas centrais
hidroeletricas--PCH
- Biomassa--geracao de
Energia
Resgate ou - Florestamento
sequestro de - Reflorestamento
carbono
Modalidade Geracao de credito de carbono
Reducoes de A geracao de credito de carbono e proveniente da
emissoes queima de gases, substituicao de energia por
energia menos poluente, tratamento industrial etc.
O credito de carbono e gerado no momento da queima
de gases ou no momento em que sao reduzidas as
emissoes de gases atraves da melhoria tecnologica.
Emissoes A geracao de credito de carbono vem da necessidade
evitadas do aumento da energia atraves de energia limpa em
substituicao aos projetos que geram energia
atraves de combustivel fossil.
O credito de carbono e gerado no momento da
geracao de energia em comparacao as energias
geradas atraves de projetos que emitem gases.
Resgate ou A geracao de credito de carbono vem atraves dos
sequestro de calculos demonstrados nas metodologias aplicadas
carbono no projeto.
O credito de carbono e gerado no momento do
sequestro de carbono que podera ser apurado por
periodo (semanal, mensal, bimestral, semestral).
Fonte: BITO, 2006:47.
Quadro 2: Relacao das empresas pesquisadas
No. Nome da Empresa Qtde de Atividade
Projetos Empresarial
Principal
1 Acos Villares 1 Fabricacao e
S/A comercio de
acos especiais
2 Acucar Guarani 1 Usinas de
S/A acucar e alcool
3 Celulose Irani 2 Fabricacao de
S/A papel, celulose
e seus
derivados
4 Centrais 1 Geracao e
Eletricas distribuicao de
Matogrossenses energia
S/A eletrica
5 Companhia 8 Comercio
Brasileira de varejista
Distribuicao--
Pao de Acucar
6 Companhia de 2 Fabricacao de
Bebidas das cervejas e
Americas--AMBEV refrigerantes
7 Companhia 1 Distribuicao de
Paulista de Energia
Forca e Eletrica
Luz--CPFL
8 Cosan S/A 1 Fabricacao e
Industria e comercio de
Comercio acucar, alcool
e derivados
9 Energias do 1 Holding setor
Brasil S/A--EDP de energia
eletrica
10 Joaquim 2 Beneficiamento
Oliveira S/A de arroz e
Participacoes- participacoes
-JOSAPAR
11 Klabin S/A 1 Industria de
papel,celulose,
embalagem,
florestamento e
reflorestamento
12 Perdigao S/A 1 Holding
13 Petroleo 1 Prospeccao de
Brasileiro S/A petroleo e gas,
-Petrobras refino e
energia
14 Sadia S/A 2 Industrializacao
de Alimentos
No. Nome da Empresa Periodo de Faturamento
Creditos em 2007
(Reais Mil)
1 Acos Villares 2003 a 2009 2.509.452
S/A
2 Acucar Guarani 2003 a 2010 981.156
S/A
3 Celulose Irani 2004 a 2014 440.347
S/A
4 Centrais 2001 a 2007 1.830.249
Eletricas
Matogrossenses
S/A
5 Companhia 2001 a 2010 17.642.563
Brasileira de
Distribuicao--
Pao de Acucar
6 Companhia de 2007 a 2017 37.016.248
Bebidas das
Americas--AMBEV
7 Companhia 2003 a 2010 6.868.418
Paulista de
Forca e
Luz--CPFL
8 Cosan S/A 2002 a 2008 2.978.628
Industria e
Comercio
9 Energias do 2007 a 2017 6.894.349
Brasil S/A--EDP
10 Joaquim 2007 a 2017 633.981
Oliveira S/A
Participacoes-
-JOSAPAR
11 Klabin S/A 2001 a 2010 3.365.195
12 Perdigao S/A 2008 a 2018 7.788.601
13 Petroleo 2004 a 2010 218.254.174
Brasileiro S/A
-Petrobras
14 Sadia S/A 2004 a 2014 9.843.953
Fonte: BRASIL, 2008a; CVM, 1987.
Quadro 3: Relacao dos termos e elementos pesquisados
Termos Elementos
Projetos - Modalidade do projeto
- Tipo do projeto
- Fases do projeto do MDL
- Quantidade de TCO 2 gerada
- Forma de geracao dos creditos de carbono
- Custo para implantacao do projeto/
Custo do investimento
Financiamento e - Forma de financiamento (recursos
mercado dos proprios/terceiros)
creditos de - Instituicao financeira no qual financiou
carbono o projeto
- Quem sao os compradores
- Valor das vendas
- Tipo de mercado (protocolo de Quioto
ou nao Quioto)
- Forma de negociacao (bolsa de valores ou nao)
Contabilizacao - Classificacao como intangivel
- Classificacao como estoques
- Classificacao como derivativo
- Reconhecimento do passivo
- Momento de reconhecimento das receitas
- Criterios de mensuracao (custos historicos/
valor de mercado)
- Classificacao das receitas e despesas
- Reconhecimento das despesas
Tributacao - Natureza juridica dos creditos de carbono
- Incidencia de IRPJ e CSLL
- Incidencia de PIS e COFINS
- Incidencia de IOF
- Incidencia de ICMS
- Incidencia de ISS
Fonte: Elaborado pelos autores.